sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Sem marcações

tive que identificar a mestra...

O apicultor tem sempre estórias para contar...coisas tolas que acontecem, filmes únicos, interpretações muitas vezes erradas, insólitos ou expressões exageradas com que a natureza nos presenteia... coisas para recordar e contar ao desafio entre apicultores!
Aí vai uma ...
Há três semanas em Cabedelo, anda eu sózinho ao início da manhã, de forma bruta a retirar alças que tinham sido colocadas a limpar: como ainda era fresco poucas eram as abelhas que estavam nos quadros e aí vai quase sem fumo, ía levantando as alças às duas e três de cada vez, sem sacudir as poucas abelhas, empilhando-as em vários lotes dispersos pelo apiário.
Isto é o que não se deve fazer mas as pressas são muitas vezes inimigas do bem fazer.
Levantadas as alças, cerca de trinta, transportei-as para junto do carro em três lotes e aí comecei a sacudir os quadros de algumas abelhas, arrumando as alças para uma carga máxima.
Passara algum tempo desde o início dos trabalhos, o calor já se fazia sentir e as abelhas iniciavam a pilhagem de pequenas gotas de nectar... tinha que continuar, sendo rápido... aqui e ali detinha-me mais atentamente sobre um maior montículo... até que quase no fim numa das alças, umas tantas abelhas rodeavam uma mestra!!!...
Isolei de imediato a alça das restantes e suspirei: acabei de tornar uma colmeia orfã!... Critiquei-me na "brutalidade" com que fizera a operação que me deixava agora sem forma de recolocar a mestra na respectiva colmeia, pois não estava marcada!... Caramba!...
Bem, decidi observar as características da mestra, para melhor avaliar o prejuízo!...
Acompanhavam-na naquele quadro uma vintada de abelhas... e algumas eram das amarelas, constate!... Saltei de alegria!... A mestra aparentava ser velha: muito preta, magra e de asas um pouco ruídas...
Em início de Julho, numa visita de rotina, descobrira que tinha no apiário uma colmeia de abelhas híbridas que só se detectavam bem quando pousadas no quadro: a colmeia tinha abelha de duas cores, diferenciando-se algumas pelos seus dois aneis superiores de cor amarelo vivo (creio que parecidas com a abelha italiana...) que eu nunca vi...
Ora eram algumas dessas abelhas que acompanhavam aquela mestra. Rapidamente correlacionei o comportamento exterior das abelhas daquela colmeia nos últimos dias: amontuavam-se à entrada sem grande trabalho em montes à esquerda ou à direita e com movimentos que já tinham merecido a minha atenção e dúvidas...
Corri então para a colmeia das amarelinhas onde confirmei um quadro, com uma dezena de mestreiros abertos, (há 5-7 dias...), foi percorrendo os quadros à procura de mestras recem nascidas... quando encontrei a primeira parei e fechei a colmeia... Não havia dúvida: a alça que continha a mestra estava sobre aquela colmeia, ou a mestra era daquela!
Observava eu, agora, atentamente, a pobre mestra que aparentava estar calma mas em esforço para pôr o seu ovo em movimentos de contracção do abdomem mergulhado no alvéolo... ... ...
Seria mesmo velha a mestra?!... Porque estaria ela naqueles movimentos de quem tenta pôr o ovo?... Porque estaria ela segregada numa alça vazia de mel com tão poucas abelhas?!... Porque teria ela deixado de pôr?!... precisamente no momento em que começaram a fazer os mestreiros?!... Não será a velha!... Estava cheio de dúvidas e sem saber o que fazer...

O Verão a terminar

e ainda há muito que trabalhar...
Não se tem proporcionado escrever mas este mês tem sido de trabalho... Recolhi a quase totalidade das alças colocadas a limpar, algumas vazias e tirei algumas com mel que quase na totalidade já está embalado, distribui quadros de mel pelos ultimos enxames produzidos, inspeccionei, tratei algumas, substituí algum material velho e tenho-me roído por haver colmeias com tantas alças sem que o mel esteja por opercular: ainda estão a colher néctares e vou ter que esperar.
Tenho-me surpreendido com a elevada população apresentada por algumas colmeias nesta época do ano! - Ano e Verão húmido, dão nisto: abelhas sempre a trabalhar...
Os trabalhos que me faltam de de duas ordens: 1) retirar algumas alças, (quero reduzir ao mínimo a quantidade de alças expostas ao tempo e algumas ainda têm mel 2) transportar a totalidade das colmeias de Emxemil dali para fora... ainda lá tenho catorze!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Regresso de férias

e às lides apícolas...

Só hoje ao final da tarde me disponibilizei a visitar o apiário de Cabedelo após o meu regresso de férias. Ía com aquela vontade de ver tudo, a evolução das mais fracas, o estado das alças que ficaram a limpar e eventualmente começar já a levantá-las para armazém... as mestras novas de final de época que esperavam ser fecundadas, os sintomas de doença...

Chegado a Cabedelo nestes 10 dias de ausência, era ver um tapete vermelho rosa da erica ciliaris que ao contrário do desejável não fornecem nectares nem polens à abelha do mel, pelas enormes pétalas que tornam o cálice inacessível o que me deixa cheio de pena...

aqui e ali ainda interrompido por algumas manchas de erica cinerea, com potêncial nectalífero e ainda a concorrer com algumas flores de erica umbelata que teima em persistir, ao mesmo tempo que a calluna vulgaris já apresenta os seus primeiros botões, anunciando as primeiras flores para o início de Setembro...


Depois de uma passagem rápida em que observei individualmente o movimento de final de tarde, comecei a equipar-me desejoso de matar o vício e a saúdade ao mesmo tempo que me assustava com as lides de Verão que me esperam: levantar as alças, redistribuir reservas, fortalecer colmeias, transportar as restantes colmeias de Enxemil... Ufff!..

Eis quando reparo que me esquecera do fumigador!... nada feito!... Ainda dei umas espreitadelas sem fumo mas não poderia continuar...

Fiquei ali tristonho a apanhar pinhas e a limpar lenhas dispersas entre as colmeias, até anoitecer... qual pastor entre o seu amado gado que não quer deixar até ao adormecer!...