domingo, 16 de dezembro de 2007

Frio... muito frio e

mais frio...


Passei quase ao final da manhã por Cabedelo, estava frio! - Tudo era branco e a areia à vista, nos caminhos, exibia a forma dos rodados com consistência rochosa que outro rodado não apagaria!... Estava frio! - Da entrada das colmeias, escorriam estalactites de gelo, tão compridas que tocavam o chão... formadas pela água que do interior da colmeia foi escorrendo durante a noite, ou do vapor de água do interior ventilado... Algumas, poucas, mortas na tábua de voo, e também solidificadas naquela massa de gelo... Uma ou outra removia os cadáveres...
Eram 11H30 e ainda não se trabalhava!...
Porque esperaríamos nesta altura do ano?!... Diriamos, obviamente, por frio... mas, esquecemos como foi o ano anterior e a ansiedade por bom tempo... tornam estas noites ainda mais frias...
Esta última semana, pausa de chuva, foi de noites frias e dias solarengos, com um período de franco trabalho da 12H30 às 15H30... três horitas de trabalho que em termos de coleta representam pouca coisa... digamos que nas mais populosas sente-se uma evolução na quantidade de abelhas disponíveis na colmeia e na arrecadação de néctares... mas nas mais fracas é insignificante...
Comparativamente com o último ano, por esta altura creio que não tivemos destes dias frios mas tivemos muita chuva e vento que as deixou encerradas não tornando o mês de Dezembro muito produtivo... à semelhança do que vai correndo...
Preocupa-me contudo, para além da redução na colheita, a redução da postura das mestras que deverá estar a acompanhar a redução de temperatura verificada a partir da última semana de Novembro... o que trará maiores consequências...
É a contingência de quem tem a primavera no Inverno!...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Higiene da Colmeia...

Interior e Exterior

Ontem de manhã, ainda no apiário, depois de limpar as abelhas mortas nas tábuas de voo, fiquei a observar o acordar do apiário que ocorreu 15 minutos depois da minha chegada... pelas 11H00!
É um espectáculo... meia centena de colmeias inundam por completo os céus e enchem o ar de um ruído assustador...
Mas hoje contemplei um outro espectáculo!
Ao acordar, o aumento do movimento das abelhas foi automático... elas não tiveram ainda tempo de visitar as flores e já entravam em turbilhão!...
É que as primeiras tarefas são as higiénicas... pelos céus cruzavam-se milhares de abelhas em voos rápidos que defecavam sincronizadamente a parecer rajadas de chuva... umas outras paravam nos arbustos como que bebericando água ou descansando...
São as consequências dos néctares energéticos e das águas condensadas que importa limpar, consumidos durante a noite.
E progressivamente os voos frenéticos higiénicos, foram dando lugar aos voos cansados de quem chega da colheita... e quase sem "chuva"... até perto das 16H00, num trabalho incansável que perfumou o apiário de um delicioso cheiro a mel...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Insólita mortandade

na noite fria...

Esta semana a tempo virou a sol: noites frias (2 a 3ºC), manhãs luminosas cobertas de geada e tardes solarengas... está bom para os resfriados.
Hoje, de férias, quando me dirigia para casa do pai para dar uma mãozinha nas arrumações apícolas, resolvi passar pelo Cabedelo... passavam 45 minutos das 10h00, ainda um manto branco de geada alcatifava o solo e praticamente todas as colmeias se escondiam na sombra fria dos pinhais que as envolvem...
Dirigi-me na verificação das entradas como me é habitual: quem e como morrem, que níveis de condensação quem acorda primeiro... são as verificações habituais que hoje foram interrompidas por insólita manifestação que me precipitou para esta aquela aqueloutra, cerca de 5 em 50 colmeias apresentavam uma mortandade anormal de abelhas... ainda espalhadas na tábua de voo, atingindo em duas delas níveis preocupantes... numa dessas contei mais de 300 abelhas que ocupavam por inteiro a tábua de voo e por tal forma que impediam a saída das que começavam a acordar... as mortes foram registadas nas melhores colmeias...
Lembrei que o ano passado tive uma colmeia com as mesmas mortes: durante vários dias, manifestaram-se mortes de dezenas de abelhas durante a noite... passei o dia a fazer suposições... pensei em mandar analisar as abelhas e informei-me dos procedimentos... abri as colmeias só ao nível da última alça para avaliar a população e confirmei que terão espaço a mais como tantas outras... e decidi-me por esperar pelo dia de amanhã...
Ao final da tarde quando peguei o saco plástico onde guardara as abelhas colhidas na frente de uma das colmeias, vi que algumas ainda se mexiam... calculei que fosse o quente do carro que as mantivera vivas... apressei-me a colocá-las numa estufa a 38º por breves segundos e logo ressuscitaram dezenas de abelhas entre as centenas mortas... inclino-me por isso para o frio.
Mas porquê aquelas e não outras... todas?!... E porquê tanta quantidade... e porquê nas mais fortes?!... Terá ocorrido alguma visita durante a noite: um cão, um rato ou investidas de formigas que as tenha feito saír do seu bolo quente e... apanhadas no frio ou na húmida prancha as tenha irremediavelmente imobilizado... ou estarão aquelas com problemas de resistência ao frio consequência de uma qualquer doença que desconheço?!...
Terei que acompanhar nos próximos dias...

Dezembro de pouco colheita...

e pouca escrita...

Nas duas últimas três semanas, (última de Novembro e duas primeiras de Dezembro), o tempo arrefeceu significativamente, com aguaceiros, nevoeiro, pouca luminosidade e frio... a redução do trabalho, com alguns dias de completa clausura fez-se sentir na colheita... também a minha escrita seguiu no mesmo acorde... perdendo a oportunidade de registar em tempo pormenores da epopeia que as minhas abelhinhas travam contram a meteorologia...
As minhas visitas esporádicas destes últimos dias serviram contudo para confirmar que genericamente a última alça colocada, na última semana de Novembro... fora desnecessária, especialmente em Cabedelo, constituindo, a julgar pelo que tenho visto, motivo de arrefecimento geral... são os riscos de decisão de quem tem que conviver com a explosão de nectares no Inverno!
Quantificar as suas consequências no consumo de mel, na diminuição ou interrupção da postura da mestra, com consequente diminuição da população, é de todo impossível... contudo mantenho-me optimista e atento para acompanhar o desenvolvimento dos próximos dias que a julgar pelo início da semana, poderão repor os níveis de colheita já que o cheiro intenso a néctar nos apiários voltou desde ontem...
C0mparativamente, entre apiários, a Mata continua em vantagem, com níveis de colheita superiores, embora algumas colmeias de Cabedelo tenham atingido excelente nível de população... manifestam na colheita o atraso que ocorreu no arranque...
A média de alças por colmeia, é inversamente proporcional ao tamanho do apiário: 4 para Enxemil, 3 para a Mata e 2 para Cabedelo...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Nasceu Um Apicultor

pra comemorar a independência...

Hoje com o amigo Felicidade romamos ao sul, dia que lhe ficará na história da iniciação apícola... Foi também, sem por isso darmos conta, uma romagem com simbolismo histórico para um dia de feriado em que se comemora a independência desta Nação esquecida e deprimida na ponta da europa... fomos à terra do Mestre D. João, também ele libertador, responsável pela morte do conde Andeiro... E foi da Nação que falamos, muito mais que de apicultura, para mantermos fresco o ânimo na viagem.

O dia foi curto para uma viagem longa e um montão de coisas que gostariamos de ter feito. O objectivo era visitar um apiário e talvez comprar uma ou duas colmeias... mas a ansiedade encarregou-se de alterar a ordem dos factores que passou a ser: comprar uma ou duas colmeias e visitar um apiário...

O local, junto à barragem do Maranhão, é simplesmente deslumbrante... junto à estrada no cimo da colina perfilavam-se num só alinhamento umas dezenas de enxames em cortiços e numa diversidade de modelos de colmeias móveis, todas elas velhas, velhíssimas como a bagaceira, a desfazerem-se... aqui e ali barradas com barro a tapar as frinchas... há quem use fita-cola!!!...

Os confrades, dois cunhados, já com sete décadas completas, bem mais conservados, íam exibindo o seu conhecimento em poucas palavras... cautelosas e seguras palavras... também eles ansiosos por limpar dali alguns daqueles exemplares que lhe devem atormentar a vida calma da região... Explicaram ter mais dois apiários ali próximo, mas já não havia tempo de os visitar pelo adiantado da hora num dia que a prometer chuva, tinha pouca visibilidade... as abelhas estavam já recolhidas e foi assim mesmo, depois de passar os olhos pelo chão a avaliar alguma mortandade excepcional... escolher às cegas, entre as que se aguentariam na viagem sem se desfazerem... o que tornava reduzidas as opções...