Dezembro de Férias

Dezembro de frio e chuva!...

Este ano tive que fazer as minhas férias obrigatórias no mês de Dezembro!... No início ainda esperançado em trabalhar arduamente nos meus apiários, na limpeza de materiais, mudanças de ceras, distribuição de alças, limpezas de arbustivas, mudanças de colmeias, reorganização de apiários... eu sei lá, tantos planos!...

Mas férias, já me vou habituando, é sinónimo de desgraças: comecei por ficar sem carro e depois foi a chuva e o frio durante quase todo o mês!... As relações com o pai também arrefeceram, nomeadamente as apicolas, estando portanto tudo mais ou menos entregue à mãe natureza!...

No início do mês ainda cheguei a distribuir algumas alças que rapidamente se encheram, em alguns dos casos 2 por colmeia; tive a sensação boa de varrer abelhas aos montes em Enxemil e de apreciar o salto das do Sargaçal em menos de uma semana, na Mata e em Cabedelo praticamente nem mexi!...

Na Mata estão a rebentar de abelhas, seguramente a perder mel e em Cabedelo vão andando, tem de tudo... ontem numa aberta de sol, rompi o jejum de duas semanas e dei um salto a Cabedelo...

E não tive paciência para as apreciar!...

A chuva sem fim

não me deixa matar saudades

A chuva mantém-se e as previsões são para continuar, em especial nos dias de fim de semana e de feriado como é o de hoje de modo que não posso matar saudades...

A julgar pelo que se vê por fora, forte movimento associado a grande população que nos dias mais quentes transborda por fora, posso dizer que algumas colmeias estão a precisar urgentemente de alças... A próxima aberta vai ser para distribuir material e olhar lá para dentro...

Ano Húmido

é ano de néctares!...

Praticamente passou um mês do início da floração do eucalipto... foram dias de inverno: com muita chuva ou escuros com vento e dum modo geral pouco frios...

O resultado foi uma explosão geral e até as colmeias que eu já as classificara de moribundas são agora um regalo para os nossos olhos!...

Nunca consigo com rigor lembrar o que aconteceu no ano anterior por isso escrevo todos os anos com o mesmo dramatismo estes acontecimentos que marcam a história de cada ano apícola...

Este ano parece-me estar a começar bem melhor que o ano passado mas não posso dizer que venha a ser tão bom como o ano que passou!

Este começar bem, deve-se à flor do eucalipto, às temperaturas amenas e à humidade permanentemente elevada! Mas o frio ainda está para chegar e esse também é decisivo!

Vamo-nos deliciando com o espectáculo presente!

Uma magnífica semana de chuva

deu um valioso impulso à floração do eucalipto

Esta semana voltou o mau tempo e foi de inverno chuvoso!

Algumas mas poucas abertas, prevendo-se que a próxima semana seja de céu nublado e tempo quente... Vai ser portanto uma semana de colheita!

Hoje já pude ver por todo o lado vários eucaliptos com as primeiras flores e nas pequenas abertas durante a semana, como ainda hoje, o cheiro a nectares de eucalipto é magnífico.

As entradas de algumas colmeias apresentam-se sujas de ceras ruídas e de resíduos de ceras novas. Está aí um novo despertar e um novo ano!...

Este ano ao contrário dos anteriores não consigo fazer as habituais previsões, tudo pelo generalizado mau desempenho das colmeias de Cabedelo... o avanço da "criação de cal" tem sido assustador e não consigo adivinhar como será a evolução naquele apiário!... Vamos esperar...

O eucalipto floriu

em dias quentes e noites frias.

Depois da chuva de há uma semana, instalou-se de novo o calor muito quente com noites frias!

Pontualmente em alguns finais da tarde a calluna vulgaris ainda anima momentaneamente os apiários mas, verdadeiramente a animação vem do eucalipto que já está florido muito próximo dos apiários, passando-se a sentir o cheiro de néctares e amplificando-se o movimento de polen de cor branco pálido...

No apiário da Mata as primeiras flores estão mesmo por cima das colmeias e o movimento aí é magnífico.

Mas nem tudo são flores!

Na volta de hoje pelos principais apiários, registei que as colmeias mais fracas não resistiram ao frio das noites e assim se vai impondo a lei da natureza, ficam as mais fortes...

Ceguinho já eu sabia,

mas tanto!...

Perda de flexibilidade do cristalino, cansaço da vista, ver mal ao perto, dizem que é normal... chega com a idade e com os cabelos brancos...

Ora cabelos brancos e idade já tenho há muito e que cheguem...

E só este ano dei conta da minha cegueira quando em Abril, já tarde, iniciei os translarves anuais para a produção de raínhas!

Não queria acreditar e culpara a falta de luminosidade do dia à medida que me questionava sobre a minha efectiva dificuldade de visão, patente no gesto automático do aumento da distância de posicionamento do quadro e sobretudo no tempo das operações que parecia ter duplicado!...

Logo que pude experimentar óculos de ver ao perto, confirmei a necessidade deles mas como em matéria de saúde sou um desleixado, só ante-ontem me decidi ir ver o estado da cegueira, já tenho uns óculos de ver pertinho e já foi ver ovinhos e larvinhas das abelhas...

Quando chegar à época da produção de mestras, vai ser um tal translarvar!...

A chuva chegou!

E tudo mudou...

Terça-feira a chuva voltou depois dum Setembro quente!

E voltou violentamente provocando inundações urbanas por todo o lado... aqui tivemos cenários que eu nunca vira.

Nos dias seguintes, mesmo com algum vento e aguaceiros as quantidades de polén subiram exponencialmente e creio que ainda não incluem polens de eucalipto porque por aqui não os vejo em flor, embora hoje, por terem aberto esta semana, tenha visto os primeiros da época, ainda distantes dos meus apiários mas anunciando a chegada das primeiras flores.

A coisa vai mudar!

O enigmático fechar da porta

ou o correr da persiana...

Na apicultura já me aconteceram ou presenciei coisas verdadeiramente enigmáticas ou de dificil compreensão...

Ontem, pela primeira vez constatei que numa das minhas colmeias, uma colmeia especial já com algumas histórias, a abertura com cerca de 2,3cm a toda a largura que estabelece a entrada, vem sendo fechada...

Estava parcialmente fechada com um espesso cordão de própolis de 2,3cm de espessura, tendo atingido já, mais de metade da largura da colmeia, da abertura de entrada!...

O que terá motivado este correr de persiana quando as condições climatéricas se têm mantido quentes, muito quentes e húmidas?!...

Não abri a colmeia... Estou inquieto por saber mais das razões que as motivaram...

C'a marche!...

Umas melhor que outras...

Depois do pai me dizer que a "coisa" já mexia e que constatara estes dias ao final da tarde o contributo da calluna vulgaris que eu desconfio, comecei a volta do dia em Cabedelo, passei ao Sargaçal, depois a Enxemil e acabei na Mata e voltei a Cabedelo para confirmar que o movimento crescente verificado nas colmeias tinha haver com a hora de passagem...

Efectivamente é notória a diferença: pontuação 5 para a Mata, 3 para Enxemil, 2 para Sargaçal e 1 para Cabedelo!... O Cabedelo é deveras preocupante, repetem-se de um modo ampliado os problemas do 1.º e 2.º ano!...

Efectivamente a calluna vulgaris não tem dado qualquer contributo e o movimento registado terá como causa a disponibilidade de algum polen, ainda muito pouco, de flores que nem eu sei quais cujo desenvolvimento tem sido permitido pelas noites húmidas. O polén disponibilizado tem sobretudo cor alaranjada e amarelo escuro...

Na envolvente ainda não de vislumbram flores de eucalipto abertas, embora o pai me tenha falado numas flores abertas a cerca de 4 Kms. O início da floração estará dependente do início das chuvas e das temperaturas que as acompanharão!

O último enxame do ano

vai seguindo sempre a bolir...

O enxame do dia 12 de Setembro, provavelmente o último do ano, vingou!

Segue num boliço de trabalho só comparavel às melhores!...

Vou alimenta-lo nos próximos dias, tendo presente que nectares no próximo mês serão muito poucos: a caluna vulgaris que está desmontada em flor este ano não está a dar contributos e o eucalipto só começará a abrir no próximo mês se o tempo se mantiver quente e húmido...

Gosto de lhes mexer de mangas arregaçadas

Mas desta vez nem tanto!...

Estou há dois dias de férias e reservei o dia de hoje para dar uma volta nos apiários, sem querer fazer grande coisa, porque estava um dia de calor insuportavel: pelo menos retirar algum material de cima das colmeias que ainda se encontram com sobreninhos e alças e avaliar quais são as próximas colmeias a morrer!...

Por esta altura do ano abro-as sem grandes cuidados em me proteger para além da máscara; mangas arregaçadas e as mãos nuas, ficando os dedos carregados de própolis... lembra-me os meus tempos de adolescente em que não lhes mexia de outro modo... Assim é porque continuamos numa época de fome, elas são menos e as forças bem menores...

Este ano, vou ter um número elevado de baixas, creio que numa percentagem superior aos anteriores: doenças mais doenças para as quais não tenho, em tempo, capacidade resposta nem tratamento adequado!...

Fazer apicultura nos dias de hoje é complicado, mas quando somamos as dificuldades inerentes ao controlo sanitário dos apiários, entramos num domínio de completa incerteza para o qual planear investimentos e receitas é absolutamente impossível!...

Talvez daqui a dificuldade de se implementarem dinâmicas empresariais no sector ou falando por mim, definir com rigor o meu projecto apícola ou seja, o modo de estar na apicultura de forma sustentavel atendendo às minhas condicionantes profissionais.

A natureza tem sempre razão

...ou talvez não!...

Ontem na rotina da passagem pelos apiários, o pai intrigava-se com as palavras dum colega apicultor que no regresso de férias na passada semana lhe terá falado do êxito dos desdobramentos do final de época. Ao certo o pai não sabia quando tinham sido feitos... lá fomos definindo o que seria o final da época aqui na nossa zona a ponto de ser ainda recomendavel o desdobramento de final de época...

Fomos recuando no tempo e concluímos que entre nós o final de época decorre entre o mês de Abril ou Maio, digamos que não devemos passar final de Maio, de forma a assegurar abelhas, alimento e machos em abundância.

Os meses de Julho, Agosto e Setembro são de fome, sem abelhas nascidas nem machos para a fecundação das mestras novas, em regra os piores meses do ano!...

Todos nós repetimos tradições ou ensinamentos que um dia os tomamos por certos...

Desbobrar em Julho / final de época, será adequado em zonas serranas... ora o amigo do pai é de origem serrana, donde há umas dezenas de anos, trouxe o gosto pela apicultura!...

Com esta discussão profunda chegamos a Cabedelo!...

Demos uma volta pelas de baixo e ao chegar às de cima... um enxame pairava à altura das colmeias como que procurando enfiar-se dentro duma delas!!!...

Até pousar num tojo crescido...

Foi provavelmente o último enxame da campanha 2008/2009 inteiramente fora da época!...

Matar Saudades...

Com violência!

Hoje foi dia de abelhas a sério!...

Era necessário retirar e arrumar as alças vazias, já limpas há muito, reduzindo a uma o número de alças por colmeia o que implicaria a retirada de algumas alças ainda com mel...

Combinei com o pai às 8H00; só cheguei às 9H00 e já o pai tinha uma meia carga carregada e se contorcia de tantas picadas que umas tantas mais rebeldes... dizia...

Às 9H30 já estava encharcado dentro do fato macaco, parei uma hora para almoçar e só às 19H30 finalmente me libertei do fato e comecei a secar a transpiração apreciando as do Sargaçal com a sensação do dever cumprido! Estou febril e todo o corpo me dói... deste reencontro violento pós férias com as minhas abelhinhas!...

Da intervenção não foi objectivo a avaliação sanitária... mas pareceu-me muito satisfatória, com um bom nivel de reservas e boa população!... A menos de um pequeno número!...

A colmeia indicador

ou a implacavel natureza!...

Já fez um ano que eu comprei uma colmeia de híbridas italianas!...

Digo, por híbridas italianas... uma F1, disse o vendedor...

Um episódio que me deixa triste só de pensar na forma pouco profissional como alguns pretendem resistir na apicultura embora se manifestem arautos da apicultura nacional... Decididamente não faço parte desse clube.

Talvez uma F11 ou F10... disse eu quando a vi... Algumas das suas filhas são na verdade mais amarelas e não só!...

Do raio da colmeia nunca cheguei a tirar um quilo de mel embora seja ela que me tem tirado alguns quilos de outras colmeias!... São umas piratas, gulosas insaciáveis, primeiras a dar o alerta da abertura duma colmeia indicadoras do estado sanitário e robustez das colmeias do apiário já que os seus anéis amarelos as identificam por onde andam...

Por várias vezes tive vontade de me livrar delas pelo mau feitio, mas na hora da verdade não consigo. O ano passado, em final de época, cheguei mesmo a fazer algumas mestras que têm demonstrado um comportamento em feitio e produtividade excelente...

Hoje quando cheguei ao apiário da Mata, onde ela se encontra, só as híbridas apresentavam movimento... o movimento típico do assalto!... Passei rápido olhar em volta e três colmeias eram o alvo: as abelhas bailavam em volta delas como que cheirando entradas para ter acesso ao elevado número de alças que o pai após tiragem do mel, há umas semanas, tinha distribuído para a limpeza...

Foi abrindo uma de cada vez, libertando as colmeias daquele monte de alças... uma estava macheada e já com pouca população, outra estava com grande ataque de varrôa e a terceira tinha pouca população...

Afinal trata-se duma colmeia indicador que me permitiu intervir de imediato nas que estavam urgentemente a precisar... sem que entrassem em assalto efectivo...

Ou... é somente uma manifestação da implacável natureza que elimina os mais fracos.

O Doce e o Amargo

do Mel!...

Depois da inauguração da melaria, não tem passado fim de semana sem darmos gosto ao dedo. Lá vai mais um bidonzito de 200 litros...

É já a cresta das últimas alças por colmeia, preparando-as para os tratamentos e reduzindo-lhes o espaço para melhor as acompanhar para a mingua do verão...

Já se assinalam algumas colmeias que necessitam de tratamento urgente, juntam-se ou simplesmente sacodem-se outras pelo reduzido número de abelhas, antes que se promova mais um assalto e procede-e à arrumação de material resultante dos assaltos que não conseguimos prever...

Nesta altura do ano, é preocupante o stress instalado nos apiários, em especial o de Cabedelo!

São manifestação disso mesmo o número de colmeias que ficam desguarnecidas de abelhas ás vezes sem razão aparente e como se manifestam incomprensivelmente doentes... fico a pensar se não será o CCD?!...

Como um pastor!

Procurando novos e melhores pastos...

Nas minhas saídas em trabalho, nos planos de fim-de-semana ou planeando as férias... ou até mesmo em pequenas fugas ao final do dia, dou por mim a investigar os pastos disponiveis à minha volta como que querendo fazer face a este tempo de fome!...

Como se fosse facil ou pudesse em tempo e meios levar daqui para ali 100 ou mais colmeias...

Um pastor a ficcionar!...

A Loucura por Lavandula

Começa bem cedo!...

A minha rua, tem alecrim e lavandula... dos dois lados... cerca de 4 Km de canteiros!...

Foi uma decisão minha, tomada ainda eu não era apicultor...

Ou seria, uma alma de apicultor, sem abelhas!...

Logo pela manhã quando saio de casa elas parecem loucas envolvidas nos maciços azuis de pequenas "espigas"...

Isto não é terra de lavandula e este contributo deve ser quase insignificante mas benvindo nesta altura do ano para o meu apiário da Mata, a uns 300m das flores mais próximas.

Fico de olhos postos nas imagens que memorizei dos campos de lavandula angustifolia nos pirinéus, onde outras se devem estar a regalar...

Calor, fome...

Tempos difíceis...

Com o início da época quente na região, terminam também as flores, as entradas de polén decrescem significativamente e o nectar tem o único contributo na urze queiró que aqui no litoral fornece contributos reduzidos. A urze este ano iniciou a sua floração muito cedo... ainda o eucalipto estava florido, em Abril, consequentemente também terminará mais cedo... adivinho portanto tempos difíceis...

Este tempo é sem dúvida o que mais me desmotiva no trabalho apícola!...

Qualquer visita às colmeias tem que ser muito cuidada e rápida para não as intranquilizar, sendo portanto reduzidas as visitas; tirar o mel tem que ser com os maiores cuidados sem perder a noção do que nos envolve para evitar as indesejaveis e até fatais pilhagens!... Ainda bem que já tirei mais de 80% da produção!...

Esta é também a época em que os enxames fracos devem ser eliminados, antes que sejam as outras colmeias a tomar a iniciativa da pilhagem...

Tempos difíceis...

A inauguração da melaria

não teve direito a fanfarra!...

O pai nos últimos dois meses andou entusiasmado com a criação de um pequeno espaço na garagem, cerca de 25m2, exclusivo à extracção do mel... foi mais um motivo de discuções e amuos mutuos que teve o seu ensaio de inauguração no passado dia 20 de Junho. Importava testar o mínimo: a distribuição do equipamento, funcionalidade e algumas fixações...

Como tudo se apresentou satisfatório a menos de pequenas correcções... um espaço confortavel e funcional para as nossas necessidades, ficou assim mesmo, inauguração feita!...

Como ensaio, não teve direito a fanfarra!... Mas não irão faltar fanfarrões em dias de extracção, para ajudar a matar o tempo nas noitadas de fim-de-semana...

Zanganeiras ou macheadas...

Não tenho preferências e não as desejo...

As colmeias macheadas ou zanganeiras há muito que deixaram de ser problema, na maioria dos casos deixam de existir simplesmente...

Como se revelam em regra no início ou no final da época, estão associadas a colmeias com poucas abelhas onde não vale a pena perder tempo com elas... batem-se simplesmente e dá-se uso ao material se não se revelar a existência de doenças. Às vezes ainda tenho o cuidado de as levar de um apiário para outro para as aproximar de uma colmeia ou núcleo debilitado que potencialente irão receber as abelhas sacudidas.

As excepções são sobretudo as do início da época, quando possa estar em causa muita abelha e se tenha por ali à mão uma mestra ou mestreiro, batendo-se na mesma a macheada logo após ter sido colocado colmeia vazia com um quadro de criação e mestra ou mestreiro no local primitivo da macheada.

Há dias dizia-me o pai que um amigo daqui perto se queixava do ano que corre ser tão fértil de zanganeiras... Não se recordava de ano assim, reproduzia o pai!...

Confesso que já tive a minha parte este ano, mais que o habitual, em regra associadas a colmeias que entraram em processo de enxameação contínua que me levou mesmo a zangar-me com elas... ou de garfas acompanhadas de mestras para quem a vida não correu bem.

Há cerca de duas semanas, na visita das mais fracas deparei-me com várias colmeias sem criação e com muita de macho... sacudi as que apresentavam criação de macho irregular ao centro dos quadros, deixei as outras com muitos machos e criação de macho nos contornos mas certa... Hoje em visita rápida a duas das outras, vi que já tinham a mestra a pôr...

Muita atenção ao diagnóstico!

Chegou o calor

E as temperaturas são insuportaveis!...

Estas últimas semanas tenho-me "esquecido" das abelhas... pelo trabalho, pela ausência do pai, pelo vento ao final da tarde ou como hoje pelo intenso calor...

Visitei Cabedelo pela manhã para regar as plantas e apreciei algum movimento na pouca urze queiró que ainda se encontra florida, ainda consegui sentir um cheirinho... durante o dia o calor é insuportável e o no ar parece persistir um cheiro a cinza que se mistura com o aroma das camarinhas... Ao final da tarde, repete-se o movimento, deixando-me admirado!...

Muito do movimento é a carrear água... assim é, nas poças húmidas revestidas de musgo e este por abelhas às centenas que se revesam loucamente no bebedouro!...

Equipei-me já pela fresca, fato macaco e máscara... uns 15 minutos foram o suficiente para confirmar o estado de algumas colmeias e o bastante para ficar ensopado!...

15 de Maio

Final da colheita!...

A assinalar a data do final da colheita deste ano aqui na região, será o 15 de Maio...

Algumas flores ainda salpicam as pontas dos eucaliptos mais novos, a urze parece estar a dar uma segunda camada para colorir os maciços que começam a ficar com a primeira camada torrada e deixou de se poder mexer sem cuidados porque as piratas estão á espreita por todo o lado... matando-se por umas pingas de mel...

No sábado coloquei algumas alças a limpar... e ainda hoje se registava intranquilidade nas colmeias que receberam as alças... e o mesmo aconteceu com outro lote distribuído na 4.ª feira!

Na 6.ª ao final da tarde quando cheguei à Mata (para preparar a última colmeia do Felicidade que por sinal não chegou a ir), encontrei uma colmeia tombada para a frente talvez já com uns 2 dias... um frenezim à volta dela, tendo já sido completamente pilhada uma das quatro alças - a que não estava coberta de abelhas; tendo-se instalado uma pilhagem generalizada em duas colmeias muito fracas do amigo MG!....

Procedi de imediato ao fecho absoluto das duas colmeias para estancar a pirataria e esperei pelo dia seguinte para verificar que na Mata tudo terá ficado calmo!

1.º de Maio - Dia do Trabalhador...

do trabalhador apicultor!...

Desconheço a realidade dos trabalhadores apicultores no nosso país, da dimensão da classe, da definição funcional ou se existe estatuto do apicultor profissional... Mas também não é disso que quero falar...

Quero registar somente que hoje celebrei o dia ironicamente a trabalhar como apicultor!...
Pouco profissional talvez, mas foi pelas 00H15 do dia 1 de Maio que saí de Aveiro, com o meu amigo Felicidade com destino à sua quinta no distrito da Guarda com uma carga das suas 25 colmeias langstroth... das 30 que presentemente tinha no litoral...

Uma brincadeira que pretende ser demonstrativa das dificuldades praticas e resultados da transumância entre o eucalipto do litoral e o rosmaninho, soajo e castanheiro da serra!...

Os nossos limites profisssionais não nos permitem ir muito para além da análise crítica... de alguns detalhes e a desejável análise demonstrativa fica muito aquém do desejado!

Depois de cuidadosamente fechadas, carregadas e amarradas na carrinha "Dina" que pedi emprestada ao Cândido, saí pelas 00h15, acompanhado pela pick-up do Felicidade carregada de alças novas, chegamos às 3h15, terminamos às 5h00 a arrumação e abertura, regressei de imediato com as paragens habituais e às 8h30 estava a entrar em casa!...

Muito trabalho para dois jovens na flor da idade!...

Ao final do dia, aproveitando a disponibilidade da carrinha, carreguei com o pai as colmeias novas da Mata e levei-as para o Sargaçal, donde saíram as Langstroth!... Assumindo assim a criação do meu quarto apiário.

A picadela que me faltava...

Na vista esquerda!

Desde miudo que sempre apanhei muitas picadas de abelha, com o devido desconto de quem recorda já à distância, sempre achei já ter apanhado picadas em tudo o que era sítio...

Na minha iniciação juvenil à apicultura, lembro o bater dos cortiços usando pela cabeça um pano de tule branco, uma cortina das janelas da avó Quitas; os maneios das colmeias com as mãos sempre nuas e até de mangas arregaçadas, detestava aquelas luvas de camurça que me tiravam a sensibilidade e matavam dezenas de abelhas... preferindo assim apanha-las eu, porque sempre fora pouco sensível ao veneno...

Há 5 anos quando recomecei a apicultura depois de quase trinta de descanso, logo no primeiro dia, quando foi comprar cinco colmeias, apanhei tanta picada que penso ter até ficado com febre durante dias!... Pelo menos nos tornoselos e pulsos fiquei!... Foi indescritivel!...

A partir desse dia, escusado será dizer, passei a detestar ser picado...

Não gosto de ser picado!...

Mas continuo a apanhar muitas picadas!...

Mantenho-me pouco sensível à apitoxina mas as picadas tornaram-se muito dolorosas.

Ontem, quando abria uma colmeia, uma abelha picou-me por cima das luvas de latex, elevei o dedo picado até à altura dos olhos e com a ponta do raspador raspei desajeitadamente o ferrão do latex e senti ao mesmo tempo como que um espirro que se projectou sobre a minha vista esquerda: inadvertidamente fiz projectar uma minuscula gota de veneno para o interior da vista, ao esmagar a bolsa do veneno!...

Foi um ardiúme que parecia queimar, insuportável, que me fez fechar continuadamente as vistas quase sem capacidade para ver, provocando um choro imparável uma visão nebulosa e vista muito vermelha... era como que tivesse ocorrido um arranhão!... Com o tempo os sintomas foram diminuindo mas prolongaram durante horas.

Chegado a casa corri para o computador à espera de encontrar uma boa notícia e logo à primeira saíu-me esta: http://www.maxima.pt/0405/corpo/200.shtml...

Afinal o que eu preciso é de apanhar mais picadas!!!...

A mais pequena garfa

que alguma vez vira!...

Antes de ontem numa visita à hora do almoço a Cabedelo, casualmente encontrei-me com o pai e com ele dei uma volta pelo apiário sob o calor intenso, até que nos detivemos junto a uma sombra onde pararam a maioria dos enxames recolhidos no apiário... Pendurado num pau ali estava uma garfa que cabia na minha mão!...

Teríamos ali uma mestra virgem... e a vontade de a aproveitar levou-me de imediato a orfanizar uma colmeia com dois ninhos...

Insólitos com mestras...

e muitos mais zangões... e pragas!

Anos de grande fartura de néctares, o apicultor nem precisa de se preocupar com o detalhe, até porque não tem tempo, nem o detalhe é importante!... A Providência Divina, ou da Mãe Natureza, encarrega-se de tudo para tudo saír bem e com grandes excessos!...

Dos vários enxames e renovações de mestras que ocorreram nos meus apiários, muitas mestras novas desejaram e tudo fizeram para ter as melhores cópulas do apiário e, fizeram-no umas com mais êxito que outras... num assustador fernezim!... Há duas semanas atrás entre as 14H00 e as 16H00, com a saída dos zangões, era assustador estar em Cabedelo com tal movimento de abelhas, de tal modo que o coração chegava a bater mais rápido!!!...

Os insólitos da Providência:

1- Na quinta-feira santa, à hora de saída dos zangões, a uns 6m de mim como que uma bola de abelhas se projectou de cima para baixo, a grande velocidade, sobre uns matos, como que se desfazendo junto às plantas... elevando-se rapidamente já com o grupo desconjunturado, alguns mais lentos porque caíram às plantas ou porque deram mais umas voltinhas antes de se elevarem... aprecei-me: era uma bola de zangões, só zangões, que provavelmente perseguiam uma mestra nova!...

2- Dos primeiros enxames que apanhei um deles obrigou-me a cortar um pinheiro com uma dúzia de anos... depois de lhe ter partido a ponta da flecha ao abanar o pinheiro para a queda do enxame... cheguei a rogar pragas ao enxame por me ter levado a estragar uma árvore! Vi a mestra entrar... pareceu-me grande e bonita! Como o enxame não era grande pensei tratar-se de uma mestra nova... passado um mês ainda não começara a pôr, dei-lhe quadros vazios e cada vez que a vejo parece-me estar maior... Foi das pragas!...

3- Uma determinada colmeia foi dividida, para aproveitar os mestreiros que nela encontrei e que eram poucos, tendo destruído todos os mestreiros que existiam na colmeia com a mestra, uma mestra do ano passado obtida por translarve...

Passado uma semana, a colmeia com a mestra que até ficou com poucas abelhas, já estava outra vez cheia de mestreiros... Como não tinha material à mão nem paciência, fechei a colmeia e prometi voltar nos dias seguintes. Não cumpri, só cheguei oito dias depois e as mestras já estavam nascidas... e a mestra a pôr...

Como não tinha jaulas comigo, fechei a colmeia e roguei-lhe umas pragas!... Passados mais oito dias, já a colmeia se encontrava de novo cheia de mestreiros... mais pragas!

Para acalmar uma chuvinha

tão desejada!...

A semana santa, da Páscoa, e esta última que se lhe seguiu foram de chuva e frio, muito frio o que foi bom para acalmar este ritmo doido de apanha enxames, tira mel e põe alças...

Se a falta de espaço já estava resolvido, pelas tiragens de mel e material comprado, adivinhando-se um breve termo da colheita, o mesmo já não poderei dizer das sucessivas garfas de enxames secundários que com o argumento do calor... não paravam a sangria de algumas colmeias.

Pela manhã dei a volta habitual, de mãos nos bolsos e deixei-me deliciar pelo movimento, pelo trabalho quer de pólens quer de néctares, confirmando-se excelentes populações em algumas colmeias...

A Mata continua a levar a dianteira na quantidade e uniformidade de movimentos, foi daquelas manhãs em que... todas as colmeias nos surpreendem: até as amarelinhas estavam mais amarelas e os núcleos novos e as da frente, e as das mestras produzidas por translarve o ano passado!... Tudo é magnífico e espectacular!...

Em Cabedelo não resisti a abrir duas delas e a fazer um pequeno filme...

À tarde foi dar uma olhada às florações de urze queiró no Caramulo, (encostas de Vouzela), muito mais atrasada que a nossa... fiquei cheiínho de vontade de ter lá um lugarzinho daqui a duas semanas... é tão obstinado o meu gosto pelo mel de queiró que terei de meter anúncio de jornal para arranjar um bocadinho de serra para as minhas abelhas... fica já aqui o anúncio!...

Quiac! Quiac!...

A inundação de néctares

de eucalipto!...

Tenho o hábito de sobrepor um segundo ninho em cerca de 10% das minhas colmeias, para ter sempre quadros de ninho disponíveis seja com mel ou com criação e em final de época ter algumas reservas que têm destino imediato como é fácil de imaginar...

Ora alguns destes ninhos foram colocados há uma ou duas semanas e em visita confirma-se estarem absolutamente inundados de mel, em regra com pouca criação... acontecendo o mesmo com os enxames novos... tal é a quantidade de néctares!...

Balanço das colmeias,

ao vento...

Ao início da manhã mergulhei na Mata da Bicha a reorganizar posição das alças por colmeia, passando as alças mais cheias para o topo preparando a próxima tiragem de mel... os planos apontavam para procedermos à tiragem de mais umas alcitas de mel mas a minha vontade, pelo cansaço, era muito pequena e faltava-me a concordância do pai que se atrasara...

Quando chegou pude confirmar que a vontade dele ainda era menor que a minha: dizia-me: estava frio, estava vento, não se deve... ... ... Bem, tive que lhe lembrar de tudo o que já fizemos com as nossas colmeias debaixo de chuva!...

Mãos á obra e prosseguiu-se a avaliar cada colmeia, fornecendo ou reorganizando espaço aqui e ali aproveitando alguns mestreiros, mexendo, mexendo...

À hora do almoço do pai saltei para Cabedelo, onde repeti procedimentos e aí sim, acabei por tirar seis alcitas para disponibilizar algum espaço nas colmeias que ainda tenho em Enxemil.

Confirmei o grande número de colmeias que enxamearam ou que estavam em processo de enxameação, muito mais no Cabedelo do que na Mata, confirmando os enxames saídos durante a semana que continuam a aumentar o efectivo...

Confirmei que o espaço disponibilizado estes últimos oito dias, (65 alças de mel retirado+25 alças novas + 23 alças novas + 23 alças novas), cerca de 50% do potencial espaço disponivel aplicado, chegou com 2 semanas de atraso!...

O mel que esta semana foi colhido, os enxames que saíram, o espaço agora disponibilizado e o vento sentido, esse... o único que este fim de semana as fez manterem-se quase paradas para o trabalho mas actuantes na agressividade... foi demais!...

A explosão mais explosiva

dos últimos anos!...

Esta semana, com o contínuo calor, temperaturas acima dos 24º, tudo se precipitou para a explosão final... os dias têm sido de grande colheita e todos os dias se apanham enxames alguns de encher uma giga e muitos outros fogem sem deixar rasto...

Precipitei-me estes dias a comprar material e... contrariamente ao planeado vejo o meu stock de alças aumentar cerca de 40% e as colmeias não param de aumentar!
Por varias vezes já se me esgotou o stock... e tive que ir buscar mais uma vez algum do material que há anos pelo inverno é colocado de lado, com o rótulo "lixo"!...

Este próximo fim de semana tenciono tirar mais mel a par da distribuição de mais alças... Não sei se vou ser capaz de dar resposta a tanta solicitação que vou projectando... Não sei!...

Hoje a seguir ao almoço foi a um dos apiários descarregar material, onde se encontrava o pai, já com dois enxames capturados, exausto e ansioso... estavam naquela hora da saída dos machos, num movimento de entradas e saídas assustador que aparentava estarem ao mesmo tempo a saír enxames de todas as colmeias!... Fiquei também eu, e com tanto enxame a saír... apreensivo sem ter um melhor conselho para dar...

Ao final da tarde vistoriei o desenvolvimento e necessidades de material.... as alças donde tirei mel há quase duas semanas, estão cheias e as que tirei a semana passada, pouco falta!...

Que era assim já sabiamos mas que esta história tem quase 15 dias de duração... não é normal!

Está tudo branco amarelo

de flor de eucalipto!...

Hoje sucedeu-se mais um dia de calor, mais um enxame apanhado em Cabedelo, um dia de colheita magnífica!...

Talvez pela sequência destes dias de calor, o eucalipto por todo o lado desmontou-se todo em flor e ao contrário do desejado que seria prolongar-se a flor o mais possível no tempo, está agora a abrir como que duma vez, prevendo-se que se prolongue em decrescendo até final de Abril!...

Se tivesse que indicar o auge da floração do eucalipto neste ano, concerteza que apontaria a última semana de Março!...

Vai ser mais uma semana louca!

A melhor gestão...

é a gestão possível!

Em teoria, controlar a enxameação, substituir mestras, e obter a produção máxima com o menor investimento possível, parece ter uma explicação racionalmente simples, a minha própria experiência me diz isso... quando o número de colmeias é limitado ou está em análise cada um dos parâmetros...

Mas na realidade os parâmetros acima inter-relacionam-se e os factores climatéricos alteram-nos facilmente as contas sendo que os ciclos de grande produção podem ser muito curtos, quer dizer, as intervenções devem cumprir uma programação rigorosa, o que para grandes números de colmeias ou apiários se torna impraticável!

Ora eu como apicultor de fim-de-semana, passei há muito esse ponto, (número de colmeias), para além do qual tenho que confiar muito na natureza... em que tenho que me contentar com o bom porque o óptimo não é possível.

O ano passado falava eu sobre a renovação periódica de mestras, com um apicultor jovem que dizia ser possuidor de cerca de dois milhares de colmeias e admirou-me o seu cépticismo ou indiferença sobre o assunto... dizia não precisar por não ter tempo para isso...

É a gestão possível!... E é a melhor gestão!...

A dificil gestão de material

em época de colheita.

Ontem e hoje fiz férias para me dedicar inteiramente às minhas abelhas.
Ontem, depois de passar pelo gabinete bem cedo, para dar uma olhada pelo expediente que não pudera ver na noite anterior, foi a todo o gás para Cabedelo, onde a situação era mais preocupante mercê da falta de espaço nas colmeias e do excepcional calor que se tem feito sentir... em especial nesta última semana!...
Ía decidido a montar uma estratégia que permitisse dar mais espaço às colmeias, com recurso aos ninhos vazios que o pai trouxera do armazém, à concentração de alças em algumas colmeias e à retirada de algumas alças de mel para as centrifugar pela noite e redistribui-las pelas mais necessitadas.
Fiz de tudo um pouco, foram mais 30 alças: 10 da Mata, já lá vão 40, e 20 do Cabedelo, total deste ano... 60!

Mas, logo na primeira colmeia que abri, com 2 alças, estava polvilhada de mestreiros de 5 a 6 dias!... e depois mais uma e outra e outra, na Mata o mesmo espectáculo!... Ao início da tarde, foi mais um enxame que saíu de uma das colmeias...

Foram as consequências destes dias de calor e da falta de espaço para a explosão...

O ano passado aumentei significativamente o n.º de colmeias e neste recomeço não aumentei o meu stock de alças... donde, ter rapidamente distribuido tudo o que tinha com uma média de 2,5 alças por colmeia... valeram-me algumas que ficaram muito fracas e não foram tão exigentes!

Tinha estabelecido que não faria investimentos este ano, e iria tirando o mel logo que estivessem as primeiras alças cheias... nada mais errado!...

Efectivamente numa colmeia lusitana em explosão o mais provavel é que a mestra suba a fazer postura a 2 e às vezes 3 alças, donde o meu stock médio de 2,5 alças está claramente em déficite...

Ontem em Cabedelo senti-me verdadeiramente perdido... sem soluções!...

À noite o pai confidenciou-me que quebrara a promessa: encomendara 50 alças que serão entregues para a semana!

Bem, o rigor da gestão nestes casos não é defensavel e lá tive que admitir que tem razão!

E suspirar...

Quanto aos mestreiros, lá foi aproveitando alguns e o resto a mãe natureza que se encarregue porque eu não posso mais!

Falta de Material

A quanto obrigas!...

A disponibilidade tem sido mínima e já não consigo fazer tudo o que quero!...

Nestes fins de semana quentes não consigo fugir, mergulho nos apiários já na sexta-feira à tarde para emergir ao final da tarde de domingo!...

Já sem material, este fim-de-semana, decidi-me por tirar 30 alças, o máximo que eu e o pai conseguimos amanhar no mesmo final de tarde e noite e logo distribui-las pela manhã pelas mais necessitadas!... Estou desfeito!...

Volta dada, não consegui baixar a ansiedade tanto quanto desejava, mas estou melhor!...

Dei instruções ao pai para pôr todos os ninhos do armazém ao serviço... e só voltarei a pensar nelas para o próximo fim-de-semana.

O Primeiro Enxame

Num ano serôdio...

Hoje ao final da tarde cheguei a Cabedelo pelas 17H40 decidido a aproveitar a luz até ao pôr do sol a fazer estacaria de plátano... vingar-me assim do desejo que as tardes destes últimos dias me têm trazido... Têm sido tardes magníficas e as visitas aos apiários ao final da tarde, valem pelo cheiro magnífico a nectares pelos brrrrruuuuuummm da ventilação das mais fortes...

Ainda trabalhavam arduamente... Dei uma olhada geral e apressei-me com a tesoura de podar...

Entretanto reparo numa constante intranquilidade... havia abelhas junto de mim, junto das entradas duns núcleos vazios do apiário...

Nisto estava eu a percorrer o apiário intranquilo como elas, à procura da origem daquele nervosismo...

Era um bom enxame que na sombra, tranquilamente recobria um tronco... Nunca tenho a máquina fotográfica nestas alturas!...

À noite telefonei ao pai para em tom de brincadeira lhe dar a notícia... mas ele antecipou-se dizendo que na nossa arrecadação de material, como já vem sendo hábito, já lá estava o primeiro enxame do ano!...

Março quente

tira o descanso à gente!...

Depois duma semana de chuva e vento frio, o calor veio aparentemente para ficar!...

Passei o sábado à tarde com as do Felicidade e concluí que basta dúzia e meia de colmeias para nos atormentar a vida!... Mas ainda me faltava olhar por um cento delas distribuídas por três apiários!...

Comecei devagar na Mata, no domingo ao final da manhã, pelas mais fracas, ao contrário do habitual, foi a limpeza, a substituição de ceras e a redução de espaços para a libertação de materiais... à tarde depois de passar rapidamente pelo Cabedelo, foi a Enxemil quase em mangas de camisa distribuir as duas últimas alças do stock mas tive que interromper a visita a uma colmeia que tinha mestreiros em tudo o que era quadro... retomei ontem já melhor equipado e na companhia do pai!... onde procuramos aproveitar na medida da disponibilidade de material aquele alfobre de mestreiros!...

A

Pelo carnaval...

começou o arraial!...

Hoje não pude resistir e lá foi ver o desempenho das colmeias após o rigoroso inverno!

Há uma semana já tinha tomado um cheirinho das do Sargaçal, mas hoje tinha que abrir colmeias nos três apiários!... Avaliar os estragos do Inverno, especular e prever a evolução próxima para avaliar stocks!...

O stock de alças só dá para distribui uma alça em menos de metade das colmeias e a sua futura distribuição tem que ser muito criteriosa...

Cá por fora elas andavam loucas ainda efeitos do salgueiro em flor...

Foi só uma olhadela, o tempo não deu pr'a mais, o suficiente para confirmar a explosão!...

Muito nectar e a criação a subir às alças... hugrrrr!...

Contudo registe-se o prejuízo generalizado, especialmente sentido em Cabedelo!...

Que tem que ser bem entendido!...

Depois de uma hora de mergulho no abre e fecha, viro-me para o pai e em tom de desabafo suspirei: porra, acabou o meu descanso, ja vai começar o arraial!...

Mal passou uma semana de sol

E o pai a carregar-lhes com alças...

Hoje fez uma semana que o sol se instalou!...
Ao final do dia liguei ao pai a saber como correra a sua habitual volta aos apiários...

Descreveu-me exaustivamente que ontem e hoje tinha distribuido alças na Mata da Bicha e Enxemil, tendo já marcado as que amanhã as iriam receber no Cabedelo!...

Ainda não avaliei correctamente os efeitos da invernada, mas pelos vistos não há estragos irreparáveis!... Por este andar a recuperação será rápida!

Os dias, embora frescos durante a noite, têm sido magníficos... Até me custa a acreditar!...

A correr a correr...

Com as abelhas no pensamento.

Ontem, depois de uma noite mal dormida, acordei a correr decidido a ir passar o fim de semana a Alter, fazer 300km de casa para estar por algum tempo com o meu rapaz!

Afinal, tudo pode esperar quando se trata dos nossos filhos!...

Mas antes da saída corri a esgotar o stock duns ninhos no apiário do Sargaçal, onde tenho que fazer novos enxames! Corri todas as colmeias, a aumentar-lhes a disponibilidade de espaço nas câmaras de criação!...

Estava um dia magnifico como veio a estar no domingo, com um sol radioso e quente... e eu virara costas às minhas abelhinhas que já não eram abertas desde Dezembro!... Pelo caminho, depois de passar Abrantes, recordei as imagens que me habituei a decorar nos últimos anos: os campos de magníficas pastagens apícolas, salpicados pela esteva ou pelo sargaço, dos azuis do rosmaninho, da soagem e da boragem, e do alecrim repens que nos jardins lá encontrei pejados de flores e cheio de abelhas...

A hora do regresso no domingo foi também programada de forma que pudesse ainda passar pelo Cabedelo a snifar o cheirinho a mel e destapar alguns postigos na Mata da Bicha para avaliar o desempenho das melhores!...

Enfim a Bonança

depois de uma inesquecivel tempestade...

Hoje fez sol e nas previsões a dez dias do weather underground espera-se que o sol se instale!

Nem posso acreditar!... Hoje visitei as do Cabedelo e as do Sargaçal!... Estavam loucas de trabalho, com grandes carradas de polen de Salgueiro que iniciou estes dias a floração... quase que o bom tempo não vinha a tempo delas aproveitarem este manancial do Salgueiro!...

Ao fim de tantos dias regressou-me o sorriso nas visitas aos apiários...

Nem os lagos de água das chuvas que se acumularam desde a última quinta feira nos dois pontos mais baixos em Cabedelo, o de nascente prolongando-se até às colmeias, com o espelho de água a dez centímetros da tábua de voo, me deixaram preocupado...

Sra. das Candeias a Rir...

Está o Inverno pr'a vir!

Esta foi a frase que ontem ouvi repetir-se quando alguém realçava com júbilo os raios de sol que vieram quebrar o Inverno...

Foi vê-las na hora do almoço, loucas de trabalho com o indispensavel frenesim dos machos que ao longe alertavam para a presença do apiário! Mas por trás do alvoroço é notória a redução da população... pobrezinhas!... Agora que ameaçam as primeiras florações de acácia longifólia e os salgueiros apontam os seus botões...

Hoje voltou o inverno em força, com tudo... vento, frio e chuva... insuportável inverno!

É urgente a mudança das condições climatéricas para ainda poder ter esperanças numa época interessante!...

A fechar o mês, informou a meteorologia que este Janeiro foi o mais chuvoso dos últimos trinta anos!...

Vamos aguardar pelo que nos dirá a Sra. das Candeias!...

Inverno Bravo

em tempo de colheita!...

Este é o meu quinto Inverno de apicultor e seguramente o mais bravo de todos!

-Um inverno muito frio e húmido!

Prontinho e disponivel para a colheita, cheio de flor de eucalipto por todos os lados mas com dias impossíveis de pôr o nariz de fora; ora porque chove, faz frio ou as duas coisas...

Hoje substituí o almoço por uma visita a Cabedelo para matar saúdades de Domingo... É uma desilusão ver exteriormente o retrocesso de algumas colmeias... Não consigo ainda avaliar os estragos que este Inverno vai provocar, nem tenho feito o acompanhamento mínimo de avaliação... mas os prognósticos são os piores!...

O pai anda mergulhado numa tristeza imensa... e, leva-me uma vez mais a pensar nos efeitos anti-depressivos desta ocupação! Penso mesmo que, ao contrário do desejado, tem um efeito depressivo, para as ocorrências de manifesto insucesso.

Acariciar-lhe o pêlo

e deixar-se adormecer!...

Não consigo encontrar outra descrição mais próxima!...

Para descrever aquele quadro ternurento!...

Hoje à tarde quando me aproximava do apiário de Cabedelo, por entre as árvores via ao longe as manchas lineares das colmeias alinhadas e entre elas como que um enorme espelho reflectia o sol!... Era um carro!...

Chegado junto, confirmei: era o carro do pai estacionado no meio do apiário encostadinho às colmeias para ele poder ver as meninas, sem saír do carro, apanhando aquele solinho todo, e logo ali tirar uma soneca à medida que as acariciava!...

Sol Traiçoeiro e o frio...

Provocam grandes estragos...

O frio destas últimas semanas tem provocado os estragos habituais... pelo exterior podemos ver larvas mortas por arrefecimento da criação e uma diminuição generalizada da população... As poucas alças que distribuí há pouco mais duma semana, não podiam ter ocorrido em pior altura... enfim, foi o risco calculado, por isso foram tão poucas...

Hoje pelo fim da manhã e início da tarde o sol estava magnífico, transmitindo-nos aquela raiva e vontade de vingança dos maus dias e noites geladas que têm passado!...

As abelhas num movimento de raiva, enchiam o ambiente dum zombido magnífico, carreando essencialmente polén mas em regra em pequenas cestas devido ao frio. Não se podia perder aquele sol!...

Mas muitas das abelhas paravam de cansaço nas árvores ou no chão, a poucos metros da colmeia, percebi que muitas não íam chegar ao destino; mesmo junto à colmeia, por baixo ou á frente da tábua de voo, eram aos montes agarrando-se entre elas e entre os cadáveres dos últimos dias, como que se aquecendo para ganharem forças para o derradeiro voo... mas em vão, porque o chão ensombreado estava ainda congelado, não tendo o sol radiante a força suficiente para as aquecer e a sua imobilização definitiva era uma questão de minutos...

Outras, juntavam-se nas paredes das colmeias, na tampa ou nas trazeiras, agrupadas e traídas pelo sol de Inverno.

O belo e

o monstro...

O ano passado, tem uns meses, com o amigo Felicidade visitamos uma empresa internacionalmente divulgada, com vista à troca de experiências e eventual aquisição de produtos...

Fizemos umas centenas de quilómetros!... Na esperança de encontrar o belo! O belo em apicultura claro está!...

Depois de chegados, as peripécias carregadas de ironia sucederam-se...

Era a desgovernância e o desleixo...

O nosso romantismo fora abalado pela realidade monstroosa de quem provavelmente já não tem tempo nem dedicação pr'a coisa e, digamos que está noutro ramo de negócio!...

- O das sucatas!

(sem ofensa para os sucateiros que agora até têm um nome pomposo e com direito a licença).

A minha diminuida dedicação pela falta de tempo a este e outros projectos pessoais assustam e lembram-me o monstro.

Agua na Eira e...

sol no nabal!...

O inverno continua húmido com algumas abertas, agora de temperaturas amenas... permitindo algum trabalho e colheita, como pude confirmar hoje numa visita rápida, quando pela tarde o sol se decidiu mostrar.

Mas este tempo que globalmente não é mau... tem consequências que gostaria de saber quantificar...

Quantas abelhas ficarão pelo caminho entre cada chuvada?!... Nas proximidades dos apiários eu vejo-as por todo o lado, cansadas encharcadas... serão milhares...

O ambiente húmido no exterior, aqui na região, atinge frequentemente valores superiores a 90% levando à condensação de grandes quantidades de água no interior da colmeia... ora esta até que ponto interfere no desenvolvimento da colónia?!... E como reduzir drasticamente a água acumulada?!... A teoria dirá: aumentar a ventilação e... um outro conjunto de factores onde não podemos intervir... direi então que nos resta aumentar as condições de drenagem e não deixar que mais água entre o que vai acontecendo com algum do meu material em muito más condições!...

Nesta altura de colheita e necessária expansão da colmeia o aumento do volume deve ser cuidado de forma a não aumentar grandes áreas de condensação que conduzirão à deterioração do material e aumento das tarefas de limpeza com os consequentes atrasos no desenvolvimento.

Humidades... foi o que faltou estes dias às minhas washingtónias... deixando-as cedentas e moribundas... nem consigo nada escrever...

E sobre humidades no interior das colmeias fica tudo por dizer...