Na serra

três semanas depois...

Ontem dei um salto rápido à serra, três semanas depois para fazer o balanço e matar saúdades. Já começo a aguentar a ausência mais prolongadamente!

O ano corre anormal, com muita chuva entremeada com dias de forte sol e poucos terão sido os dias de condições ideais para a colheita mas é bem patente a diferença entre a serra e o litoral.

O rosmaninho ainda se vai aguentando e as urzes já torraram, estão agora espectaculares acima dos 600m, como pude admirar no regresso ao subir a serra... 

A colheita é lenta, mas fica-me sempre uma vontade de as levar todas à serra quando chego cá e confirmo que aqui se está em fase decrescente...

O Fim e o Princípio das Florações...

do eucalipto... e das outras!

Aqui as florações de eucalipto sucumbiram depois da segunda semana de Abril, com duas semanas de chuva e ventos fortes.

A primeira cresta que corresponderá a cerca de 3/4 da colheita terminou também nos primeiros dias de Maio, com excepção do apiário do Sargaçal, onde ainda a semana passada decorreram cortes de madeira...

As abelhas que diminuiram em população depois das chuvas da Páscoa, viram-se agora para as outras florações, especialmente para a urze queiró mais adiantada este ano que o anterior mas que nestes dias quentes tem sido a alegria dos apiários.

Hoje junto ao mar, deliciei-me com as flores de metrosidero nos seus primeiros dias de vida, carregadas de abelhas, colhendo polén e néctares, seguramente das minhas abelhas da Mata que nesta altura exibe um maior movimento com efeitos que já pude confirmar nas quantidades de néctares colhidos...

A alteração da flora

E as mudanças no calendário apicola...

Este ano, aqui junto ao mar, muito mais do que o habitual, os cortes rasos de eucalipto velho já soma umas dezenas de hectares nas proximidades dos meus apiários. A generalidade desses cortes dará lugar a plantações de eucaliptos em explorações de revoluções curtas, alterando drásticamente a flora local, reduzindo significativamente ou quase eliminando a floração de eucalipto,  a floração das urzes nomeadamente da queiró, os tojos, os sargaços e as giestas ou o carvalho que ocupa as áreas mais frescas...

Simultaneamente, o abandono dos terrenos agricolas dará lugar aos silvados e os salgueiros invadirão os terrenos húmidos!...

A biodiversidade é assim esmagada muito rapidamente sem disso nos apercebermos!...

Questiono-me e  constato que no futuro o meu calendário apícola e  a apicultura à minha volta serão significativamente diferentes...

Já não direi que colho mel de eucalipto ou que a colheita começa logo em Outubro... não me referirei à expressividade das colheitas nem farei em alguns anos a primeira cresta pelo Carnaval!...

Passarei a colher uns bocadinhos de mel multifloral só a partir de Março depois da explosão do salgueiro!... E a cresta será única, minúscula e certamente em Julho!....

A serra de novo

para  nos acalmar a ansiedade.

Há uma semana atrás decidi não levar as colmeias pra serra!

Foi uma decisão que foi tomando à medida que me faltava o tempo para lhes tirar o mel ou os montes de material que as carregavam.

Mas esta semana, depois duma semana santa de chuva intensa, ao confirmar o fraco movimento  que assinalou o fim da grande época de colheita de néctares e  me sentir progressivamente desvinculado da serra... Foi crescendo uma ansiedade e tristeza que tive que resolver, carregando com o pai uma amostra de colmeias que levei para a serra!...

Lá chegados, no lusco-fusco, deu pra ver, como previsto, que chegamos tarde, pelo estado da urze e do rosmaninho... mas a tranquilidade invadiu-nos e abriu a discussão para a viagem de regresso: que razões da razão poderiam justificar aquela viagem de final de tarde?!!!...

Só encontramos as razões do coração!!!...