sábado, 30 de julho de 2016

A doença e a morte.


Pela Páscoa  tive um susto!
Um pêlo encravado no pescoço que me atirou para a cama e posteriormente para uma micro cirurgia, com n tratamentos, tirou-me a disponibilidade necessária numa época crucial para acompanhar as abelhas!

Foram talvez três semanas em que não pude desbobrar, dividir, produzir raínhas, substituir ceras, impedir a enxameação, com prejuízos muito significativos nos apiários.

A minha doença, por mais insignificante que seja, será a prova para o futuro do início da morte da minha apicultura. 
Terei que  modelar a minha apicultura à minha idade para que um dia não sejam elas vítimas da minha ausência.

Talvez o ano mais chuvoso.


Em Janeiro começou a chover quase ininterruptamente...
e só parou em Junho!
Talvez o ano mais chuvoso.
A partir de Janeiro pelo Litoral, não se colheu mais eucalipto.
Cheguei depois a ter esperança na urze, com o aumento de temperatura e disponibilidade de água no solo, mas em Maio também faltou o sol.

Foi um ano cheio de desvios que me impediram de acompanhar todas as oportunidades mas foram poucas as oportunidades para fazer umas horas a fio nos apiários.
Chuva frio e nuvens de abelhas iradas à nossa volta.

Enquanto isto as colmeias encheram-se de abelhas  ou de bolores e as duas coisas...
As reservas consumiram-se nos três primeiros meses e as colmeias entraram generalizadamente em risco de enxameação!

O excesso de humidade, mesmo com muito espaço e até sem reservas, é condição suficiente para despoletar o processo de enxameação! Estavamos no início de Abril próximo de uma verdadeira catástrofe, comentei repetidamente com o pai a quem dei instruções para dividir tudo o que pudesse...





É este ano que fico rico.


O ano começou prometendo grandes colheitas.
Temperaturas amenas até final de Dezembro permitiram um bom desenvolvimento das colmeias, ocorrência dos primeiros enxames em Novembro e Dezembro que rapidamente encheram as primeiras alças de mel.

Contudo os apiários revelaram as suas naturais diferenças.
Sendo de realçar o excesso de sombra, humidade, da Mata não lhe permitir o desenvolvimento que a envolvente de velhos eucaliptos desmontados de flor potencia.
Em S. Vicente por oposição, a exposição soalheira permite a dianteira no seu desenvolvimento. Em início de Dezembro comecei a retirar alças de S. Vicente e a distribui-las pelos do Sargaçal e Cabedelo, tal era a altura das colmeias!...

Pelo Natal já tinha distribuído todas as alças e já fazia contas às prendas bem merecidas, já que nos dois anos anteriores as colheitas foram fracas...

Em início de Janeiro dizia: as contas são simples... finalmente iria ficar rico, bastaria um ano normalzinho dali para a frente... ambicionava!...
A realidade veio provar como me enganara tão desastrosamente...


Um ano que não vou esquecer


Tenho-me recusado a alimentar este livro de histórias.
Muitas vezes justifico-me dizendo que está tudo dito e não fica bem repetir-me...
mas sobretudo evito transmitir a ansiedade, alguma frustração e desgosto que me acompanham nas minhas lides apícolas!...

A necessidade de contrariar o sono arrancou-me da malandrice e atirou-me para a escrita, para um registo mínimo do ano apícola. Aceito!
E tenho logo dificuldade em seleccionar um tema num ano tão vasto de novidades.

É este ano que fico rico.
Talvez o ano mais chuvoso.
A doença e a morte.
A debandada das abelhas.
Toalha ao chão?!... Quase!
Na primavera a alimentar a serra.
A fuga traz a fome.
Tão próximas e tão diferentes.

Estes são alguns temas que me ocorre abordar  de seguida para caracterizar um ano tão anormal que só por isso será sempre lembrado.